sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Relato dos meus abortos - Parte I

Bom, como este blog tem como objetivo ser um "backup" de causos e da minha trajetória até a chegada do meu bebê - para, um dia, quem sabe, ele poder ler e entender o quanto foi amado e desejado desde muito antes da sua chegada - acho mais do que pertinente registrar como foram meus abortos. Talvez isto possa ajudar também alguém que tenha passado ou esteja (infelizmente) passando pela mesma situação que eu. Vou ter que contar por partes, porque é muita coisa.

Comecemos pelo começo. Eu sempre tive problemas menstruais. E quando eu digo sempre, é SEMPRE mesmo. Desde a minha primeira menstruação. Eu menstruava tanto, mas tanto, que às vezes colocava dois absorventes de uma vez para evitar acidentes - e, mesmo assim, eles aconteciam. Já tive que ficar de repouso por mais de uma semana, sem nem mesmo ir à escola, por causa de uma anemia muito severa que tive. O médico queria fazer transfusão de sangue em mim, quando eu tinha por volta de 13 anos, imagina!

Enfim, ninguém descobria o que eu tinha. Quando mudei para São Paulo, fui diagnosticada com SOP (Síndrome do Ovário Policístico) e, honestamente, nem sei se era isso que me causava todo aquele sangramento. Só sei que continuei tomando anticoncepcional (que eu já tomava muiito antes de começar a ter relações sexuais, só para diminuir e regular minha mestruação). E assim foi, por bastante tempo, até eu decidir engravidar.

Quando finalmente resolvemos, eu e hubby, começar a tentar ter nosso bebê e - obviamente - parar de tomar anticoncepcional, meu corpo decidiu que não queria abrir mão da sua pílula diária e criou um cisto gigantrosco no meu ovário. Ok, back to the pill por alguns meses.

Enfim, cerca de 4 meses depois de parar com o anticoncepcional (e de ter me despedido da laranja que estava morando no meu ovário direito), me senti estranha. Para mim era (ainda é) muito difícil controlar ciclos, período fértil, etc. Afinal, minha menstruação tem vontade própria e minha ovulação, mais ainda (lembram da SOP? Pois é...). Eu estava bem tranquila com relação a engravidar: tinha voltado a fazer sapateado, que eu AMO de paixão, estava emagrecendo, trabalhando bastante, enfim, aproveitando - mas sem prevenir. Um dia, no sapateado, me senti extremamente cansada e tive que sentar no meio da aula. Isto foi o suficiente para acender uma luzinha vermelha.

Como meu marido estava viajando a trabalho e eu sempre quis fazer uma surpresa para ele ao contar da gravidez (o maior sonho da vida dele é ser pai), resolvi comprar um teste de gravidez e fazer no outro dia de manhã. Fiz. E continuei sem saber o que aquilo significava. Uma listra bem escura e outra beeeem clarinha. Fiquei tranquila, mas resolvi ligar para minha médica e comentar, quem sabe ela não me passava uma guia para fazer um Beta antes do hubby chegar? Como eu já tinha consulta marcada com ela no dia seguinte, que é quando ele chegaria, bem a tempo da consulta, ela pediu para eu esperar que ela me daria o pedido na consulta - óbvio, mas a minha ansiedade louca não queria obviedades naquele momento.

No almoço, comentei com minha querida amiga Mari, que trabalhava comigo e tinha acabado de dar à luz o bebê mais fofo do mundo. Ela sempre soube da minha vontade de ser mãe, e era mega animada com a ideia. Mostrei a foto que eu tinha tirado do teste pelo celular e ela já atestou, feliz da vida: é positivo! Eu, querendo acreditar, mas pessimista como sempre, dizia que não, acho que não. Ela até ligou para a cunhada dela que também era mãe, que confirmou, dizendo que o dela também tinha sido assim. E foi a primeira pessoa a me dar parabéns pela gravidez. Para tirar a dúvida de vez, comprei outro teste, bem baratinho, para fazer assim que chegasse em casa.

Chegando, foi a primeira coisa que fiz. A Mari me ligava, querendo saber do resultado. Quando vi, a decepção. Somente uma listrinha. Liguei para ela que ficou triste e me perguntou: como você tá? Eu estava triste, é claro, mas tranquila, afinal a esperança é a última que morre, certo? Eu sabia que não havia feito o exame da maneira certa, havia bebido uns 2 litros de água no trabalho e meu xixi estava bem diluído.

No dia seguinte, meu marido chegou e era hora de ir para a consulta. Demos uma carona para Mari até, praticamente, a esquina do consultório e, portanto, ficamos conversando amenidades. Logo que ela desceu, olhei pro hubby e disse: amor, acho que estou grávida! Meu Deus, foi a cena mais linda do mundo! Nós alí, dentro do carro, em pleno trânsito da avenida Paulista. Os olhinhos verdes dele se encheram de lágrimas e  ele quase bateu o carro! Hahaha!

Enfim, chegamos à médica, ela disse que achava, sim, que eu estava grávida, mas que eu tinha que fazer o teste de sangue para confirmar. Para complicar ainda mais a minha situação, meu celular apagou todas as datas das minhas últimas menstruações, então eu não sabia o dia exato que havia menstruado pela última vez. Great!

Saindo de lá, corremos para o Fleury que é lá pertinho e colhemos o sangue naquele dia mesmo, quase 9 horas da noite. Naquela ansiedade, o enfermeiro que tirou meu sangue era um fofo e me deu várias dicas, conselhos e disse que, apesar do horário previsto de entrega do resultado ser meio-dia do dia seguinte, lá pelas 10 já estaria pronto.

No dia seguinte, 08/07/2011, uma sexta-feira, fui trabalhar com o maior frio na barriga da minha vida. Meu marido me ligava a cada 10 minutos, perguntando se o resultado já tinha saído. Eu não trabalhei aquela manhã, só atualizava a página constantemente e tentava me distrair nos intervalos. Até que a página começa a carregar. Lentamente. E eu tensa, nervosa, ansiosa. Até que... BHCG 1.071! POSITIVO! Meus olhos se encheram de lágrimas, emoção, alegria, eu nem sabia o que fazer primeiro. Avisei a Mari, nos abraçamos, comemoramos, liguei para o hubby e ele - mesmo tendo combinado comigo que não contaríamos para ninguém - começou a gritar para quem quisesse ouvir: eu vou ser pai!

Ufa, deixa eu parar por aqui que este post já está longo demais. Continua amanhã...


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